segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Palavra

O caminhão, a Física e a Inveja


Dia desses li uma frase na traseira de um caminhão que me levou a uma profunda, e confusa, reflexão. "A força da sua inveja é a velocidade do meu sucesso". Nossa! Vejam onde a inveja foi parar, na Física! Newton levou tanto tempo para concluir em sua segunda lei que força é o produto da massa pela aceleração e, de repente, pelas ruas da cidade impera uma nova lei, força é igual à velocidade, simples assim. Que confuso isso, só podia ter inveja no meio. Deixando a Física de lado (para alívio de alguns), falemos somente da inveja e do sucesso. Sucesso atrai inveja? Sim, é inevitável. Mas, é a inveja do outro que mantém o meu sucesso? E quando eu não me sentir invejado, sou um fracassado? Complexo isso.

Amado? Respeitado? Que nada, com essa nova lei, a moda agora é ser invejado. Ainda estou para ver alguém com a frase estampada na camiseta: "Não me admire, me inveje!". Se as pessoas te admiram, elas podem seguir seus passos e obter o mesmo êxito. Mas, se te invejam, é porque "não conseguem" ser iguais a você. Prato cheio para nosso ego, a “incrível” sensação de sermos inigualáveis. Mas, essa comida não é saudável. É triste notar que vivemos em uma sociedade que dá valor à inveja alheia. Faz-se de tudo para "conquistar" a inveja do outro, até mesmo aquilo que o pretenso invejado não aprova. A inveja parece onipresente, está nos outros, nos caminhões, nos outros, nas camisetas, nos outros e até na Física! Só existe um lugar em que a inveja jamais está: em nós, não é mesmo? Se a resposta for muito rápida, talvez ela não seja sincera. Até aqui foi falado somente da inveja dos outros, mudemos o foco. E nós, será que temos inveja? Feita a pergunta, que ressoem os grilos.

Se depender de auto-avaliação, inveja só existe no dicionário. É simples a constatação. Já ouviu alguém dizer que é invejoso? Por incrível que pareça, existe "feio assumido", "gordo confesso" e "chato declarado", mas invejoso... jamais! Parece instintivo, quando lemos ou ouvimos alguma mensagem sobre inveja rapidamente nos vem à memória uma pessoa com quem desejamos "compartilhar" a reflexão, afinal, o assunto, definitivamente, não é conosco. Aos próprios olhos, não existe invejoso. Mas, se a palavra de Deus nos alerta repetidas vezes sobre essa tal inveja, é porque ela deve existir em algum lugar. Será que é dentro de nós? De fato, ninguém está imune a ela, nem mesmo a primeira família da terra estava.

Antes de Caim assassinar seu irmão, seu coração foi tomado pela inveja. Ao ler essa história, percebemos que o sucesso de Abel incomodava Caim. O próprio Deus já havia lhe dito: "... por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito?" (Gn. 4:7). Assim é o invejoso, sempre irado e com semblante triste. O que lhe motiva não é necessariamente o seu desejo próprio de crescer, de fazer o bem e ser aceito por Deus, mas sim de que o outro seja menor do que ele. É assim, se o outro não é melhor, tudo bem. Olha tanto para o outro que não vê os próprios erros. Deus estava falando com Caim, corrigindo-o, alertando-o para guardar seu coração e mostrando-lhe que ele também podia acertar. Mas infelizmente ele não ouviu, aliás, não quis escutar.

Ninguém tem inveja, a inveja é que tem alguém. Se não for dominada, ela sujeita a pessoa a uma amarga e silenciosa escravidão. Destrói emoções, relacionamentos, princípios. E o pior, destrói nossa sensibilidade à voz de Deus. "O rancor é cruel e a fúria é destruidora, mas quem consegue suportar a inveja?" (Pv. 27:4). Ninguém a suporta, nem o próprio invejoso. "O coração em paz dá vida ao corpo, mas a inveja apodrece os ossos" (Pv.14:30). Se a inveja já destruiu algo de bom em sua vida, você pode reconstruir ouvindo a voz de Deus. Aproveite a chance que Deus lhe dá, guarde suas emoções! Se não souber o que fazer com a inveja, faça como o sábio caminhoneiro, coloque na traseira de um caminhão, na Física, mas nunca no coração.


Pr. Paulo Júnior

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